Objetivo

O blog visa compartilhar registros das aulas (anotações, fotos, vídeos) comentários críticos sobre os procedimentos vivenciados, acrescentar textos teóricos, poéticos, sugestão de links, músicas. São 15 tópicos, referente as cada uma das aulas ministradas entre março e junho de 2010. Em agosto de 2010 serão publicados artigos hipertextuais produzidos por cada um dos alunos que focam princípios e procedimentos de encenação.



Pina Bausch 6 (09/06)

aula 11.

O aquecimento prepara os corpos, mas também pode favorecer a transposição do “estado de prosa para o estado de poesia”, como diria Zé Celso. Buscar a criação de uma atmosfera poética, atmosfera de criação.

Aquecimento individual:

Momento de concentração, percepção, passagem para o ambiente de trabalho, portanto, uma regra é não falar. Aquecer ao mesmo tempo os músculos, as articulações, o pensamento, a respiração. Centrar-se. Deitar, rolar, espreguiçar, alongar, encolher, articular. Ouvir a música e dançar à vontade.

Aquecimento em grupo:

Coro em Uníssono

Em círculos, equilibrados no espaço. Jogo do espelho (Spolin), sendo que o guia não cria o movimento, mas apresenta o movimento editado pelo artista modelo – no caso, Pina Bausch - com o próprio corpo. As intersubjetividades são articuladas na busca pelo movimento em uníssono, no mesmo tempo/duração, pulsação, ritmo, buscando o sentido de uma “escuta grupal”. Busca-se aquecer a integração do grupo, o estado de jogo. Enfatiza-se o foco na musica, mas também nos silêncios, da delicadeza e na precisão dos movimentos e gestos.


Citações: Ações físicas estranhadas, estranhamento.

As citações referem-se as ações que provocam no espectador o efeito de estranhamento. (Nosso debate sobre esse procedimento fundamenta-se no verbete no dicionário do teatro de Pavis, no livro “Estudos sobre Teatro” de Brecht, complementada pela noção de grotesco em Meyerhold (vale a pena retomar o mestre do teatro da convenção, pois uma nova tradução do célebre estudo “Sobre o teatro” foi publicada em Thais, Maria. Na Cena do Dr. Dapertutto poética e pedagogia em V. E. Meierhold, 1911 a 1916. São Paulo, Perspectiva, 2010). Lembramos que os participantes do experimento foram convidados a procurar essas ações durante a semana passada, nos vídeos de espetáculos de Pina Bausch (youtube, no filme “O Lamento da Imperatriz” que assistimos juntos, dentre outros).

Deslocamento em duplas: estranhos.
Um participante carrega o outro de forma inusitada, não usual. Variações: o carregado emite sons.

Coro e protagonista

Um protagonista realiza ação cênica que será estranhada de diferentes formas pelo coro: em movimento em uníssono, de forma fragmentada, nenhuma sincronia, coro polifônico, caótico, lúdico, coreográfico ou não......

a) Depoimento pessoal: um participante fala sobre uma experiência concreta. Nesse encontro, o relato de uma pesquisadora porto-riquenha sobre a experiência que teve ao assistir pela primeira vez um espetáculo no Teatro Oficina.

b) Canto individual

c) Diálogo de coros. O grupo se divide em dois: cada coro tem seu respectivo protagonista que canta uma música. Diálogo entre os dois grupos em vários modos: Alternância, Simultaneidade.

d) Apresentação dos workshops

Penso que uma possibilidade diferente da utilizada por grupos que criam a cena colaborativamente, como o Teatro da Vertigem, com quem aprendemos o procedimento base, é optar por manter uma atmosfera de jogo, envolvendo quem assiste os workhops com tarefas “ativas”. Uma possibilidade é a que utilizamos nesse encontro: a apresentação dos workhops se dá na continuação do coro e do jogo do espelho.

a) Primeiro o ator mostra seu workshop criados a partir das vivências da semana passada. O grupo observa.

b) Numa segunda rodada o ator retoma a ação, só que desta vez o grupo sabe que logo em seguida irá reproduzir a ação, guiado pelo ator. Nesse encontro fomos direto para esse segundo procedimento, mas entendo que o ideal é seguir essa seqüência. Ao tentar reproduzir o workshop do colega, amplia-se o repertório em relação ao procedimento estudado. Penso que a tarefa de ver duas vezes o mesmo workhop e depois imitá-lo, envolve o participante numa experiência corporal que não foi pensada por ele, quase nada tem de “espontâneo”.

Por outro lado, todas essas formas de compartilhamento de pesquisa individual realizada fora da sala de trabalho que estamos testando podem incrementar o desenvolvimento dramatúrgico dos grupos. Compartilhamos materiais cênicos – ações físicas, estados, ritmos, palavras - que podem ser utilizados e recriados por todos.

Avaliação do workhops: qual era o contexto dos workhops que foram apresentados? Como foi realizar a vivência?

Planejamento e ensaio dos grupos.

Estudo individual:

Assistir vídeos sobre arte corporal: documentário sobre “Accions”, vídeos sobre Performance, acionismo de Viena, Body-art disponíveis na Internet.



Leitura do texto teórico: Villar, Fernando Pinheiro. “O pós-dramático em cena: La Fura del Baus”, In O Pós-Dramático, organizado por Silvia Fernandes e Jacó Guinsburg. São Paulo Perspectiva, 2009. (texto disponível na pasta da disciplina. )Uma observação para quem quiser aprofundar depois o estudo sobre o La Fura del Baus. Fernando Villar estudou o grupo em Barcelona. Em seu texto estão indicadas nas notas de rodapé estão as principais referencias bibliográficas sobre o grupo catalão, incluindo Mercè Saumell, a maior estudiosa catalã da linguagem furera, além de outros textos publicados em português.


Navegação do site oficial do La Fura. Gostaria de debater esse procedimento como ponto de partida de estudos sobre poética cênica e de criação cênica.

Planejamento de Ações Performativas: Pensar uma forma de incluir uma ação performativa na cena que está sendo desenvolvida pelo seu grupo. Incluir ação durante a cena já programada, mas também antes ou depois da cena que já foi planejada. A ação deve ter um sentido na concretização dos objetivos do grupo. O participante pode escolhe as fontes: as imagens da história das Artes Visuais e da Performance como linguagem artística (A arte da Performance, Roselle Goldberg), ou diretamente dos vídeos e do site do grupo La Fura Del Baus.

3 comentários:

  1. De Tatiana Sobrado
    A pesquisadora que apresentou o depoimento sobre sua primeira experiência no Teatro Oficina nao é portoriquenha....De onde ela é?

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  2. De Tatiana Sobrado
    A pesquisadora, de nacionalidade esquecida, acha que seria bom abordar outra vez a proposta dos workshops e o procedimento de estranhamento segundo Pina Bausch. No segundo caso, as citaçoes apresentadas na ultima aula, eram sequências de movimentos, mas sem estranhamento (exceto uma).

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  3. De Tatiana Sobrado
    A pesquisadora de nacionalidade esquecida achou um facebook que aparece com o nome de Pina Bausch. Lá é possível assistir videos de ensaios e a qualidade é melhor do que no youtube.

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