Objetivo

O blog visa compartilhar registros das aulas (anotações, fotos, vídeos) comentários críticos sobre os procedimentos vivenciados, acrescentar textos teóricos, poéticos, sugestão de links, músicas. São 15 tópicos, referente as cada uma das aulas ministradas entre março e junho de 2010. Em agosto de 2010 serão publicados artigos hipertextuais produzidos por cada um dos alunos que focam princípios e procedimentos de encenação.



Pina Bausch 5 (02/06)



Ao lado podemos ler o texto redigido por Tiago Salis, 17 anos, participante do experimento “Devorando Hamlet” na Oficina de Encenação, realizada no bairro de Interlagos, zona sul de São Paulo. Tiago escreveu seu relatório de leitura após ler textos de Brecht durante o estudo sobre o estranhamento no teatro.

aula n.10.

Parte 1: Debate a partir da apresentação dos fundamentos históricos e metodológicos acerca dos procedimentos “Vivência” e “Workshop”.

Parte 2: Reunião dos grupos para retomada do planejamento das cenas, revisão de objetivos, debates sobre as principais descobertas, esboço de possibilidades futuras.

algumas notas:

Abordagem pedagógica que valoriza a experiência dentro e fora da sala de aula, de trabalho. Fisicalização dos conceitos. Vivencia dos conceitos.

LAROSSA, Jorge. Imagens do outro. Ed. Petrópolis: 1998.
LAROSA, Jorge. “Notas sobre a experiência e o saber da experiência”.Revista Brasileira de Educação, n. 21, p. 20-28, Rio de Janeiro: ANPED, 2002.

Abordagem pedagógica hipertextual, Pierre Levy. Tecnologias da Inteligência. E Cibercultura.

- Não hierarquização dos saberes: cultura popular, cultura erudita, brasileira, estrangeira. Helene Weigel em pé de igualdade com Dercy Gonçalves. Grande Otelo ao lado de Paulo Autran, Fernanda Montenegro ao lado de Chico Anízio, Carequinha ao lado de Raul Cortez. Marília Pêra, Jorge Dória, Marco Nanini, a tradição da comédia musical brasileira, esses saberes dizem muito da encenação do teatro brasileiro. Tradição do teatro de revista. Zé Celso critica o colonialismo à la TBC. Zé fala que aprendeu a valorizar o teatro musical brasileiro diálogo com seu irmão Luis Antônio Martinez Correa.

- Qualquer ponto pode ser a partida de um experimento de aprendizagem e criação. Não é necessário seguir uma linha histórica: por exemplo, não é necessário aprender primeiro o dramático, para só depois debater a cena contemporânea que escapa desse formato.

- Descentralização do saber. Para além da pedagogia tradicional, onde o professor transmite o saber. e da pedagogia escolanovista, onde o professor se recusa a ensinar e atua como um fomentador da criação “livre” dos alunos. O coordenador do experimento também aprende, após a Internet, os participantes podem trazer material desconhecido, ampliando seu repertorio. Nessa proposta o professor não pretende ensinar nada, a não ser uma atitude, uma forma de olhar a história, a tradição, a poética cênica. Ele coordena um estudo coletivo sobre modelos artísticos e teóricos, é um pesquisador. Quem ensina são os artistas, os grandes artistas cênicos que nos servem de modelo para exercícios de recriação e invenção.

DICKEL, A. Que sentido há em se falar em professor pesquisador no contexto atual? Contribuições para o debate In: GERALDI, C.M. G; FIORENTINI, D.; PEREIRA,E.M. de A. (Org.) Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Campinas: Mercado de Letras – Associação de Leitura no Brasil (ALB), 1998, p. 33-71 (Coleção Leituras no Brasil).

Aprender a ver, escutar, calar. Ênfase na criação a partir da observação dos outros, sejam a pessoas observadas, sejam os autores estudados, e não como fruto da expressão pessoal, da elaboração de improvisações ou jogos a partir da memória. A busca do confronto com a alteridade, o deslocamento do eixo de criação. Não se trata de uma comunicação de pensamento ou sentimento individual, mas da elaboração do que foi estudado fora dos limites individuais, seja na vida, seja na ficção e na artes do palco.

Diálogo com a história: No contexto da cultura pós-moderna, ou da atual fase do modernismo, conforme o ponto de vista teórico, fica a questão: Como é possível criar hoje sem conhecer os grandes modelos da história do teatro? Como é possível fingir que não existe toda uma tradição? Evidentemente não estamos tratando apenas dos modelos europeus, americanos, russos, mas também os modelos pertencentes à cultura popular.

Um exemplo: Na oficina de teatro realizada em Mãe Luiza, periferia da cidade do Natal, os alunos passaram três anos criando suas encenações de dramaturgia própria, muito interessantes. Ao se deparar com o espetáculo português “Os Bichos”, de natureza pós dramática, ficaram perdidos, em busca do fio narrativo, perdendo a oportunidade de fruir uma obra contemporânea. Através de minha omissão como professor, no que diz respeito ao acesso aos saberes sistematizados sobre a encenação, abandonei ao alunos aos modelos dramatúrgicos que eles já conheciam, ou seja, a rede globo de televisão o cinema comercial americano. Do ponto de vista da pedagogia do espectador, o experimento fracassou.

Teoria, dramaturgia e história do teatro muitas vezes são excluídas do ensino do teatro escolar, nas oficinas de ação cultural. Desse ponto de vista os alunos de teatro deveriam ter consciência dos projetos de estudo que estão sendo executados. Quando perguntado em casa sobre o que ele estaria estudando na aula de teatro, o aluno deveria ter plena consciência dos conteúdos: “esse semestre iremos estudar a tradição da cena épica, o teatro de revista brasileiro ou a performatividade na encenação, por exemplo. Dessa perspectiva, os alunos de teatro devem redigir um caderno de anotações, produzir comentários críticos, postar em blogs, refletir e comunicar suas análises. Ou seja, devem teorizar.

Defendemos a ampliação dos pontos de partida de criação cênica. A utilização da teoria e da história do teatro como ponto de partida de jogo, de criação de roteiros cênicos, de improvisações.

Outra resultante da leitura de textos teóricos e históricos é a produção de textos /comentários críticos pelos alunos.

Vivência: A investigação poética do espaço urbano. Performatividade e memória pessoal do ator-bailarino. Vivência no espaço urbano. Cada participante que aceitar fazer o exercício deve passar no mínimo uma hora em um ambiente estranho ao seu cotidiano, observando a atmosfera, as pessoas, seus comportamentos, atitudes, gestos, ritmos, ouvindo os sons, interagindo com o espaço de forma o mais aberta possível, evitando racionalizações, traduções em palavras da experiência.

Rejane chama a nossa atenção para a possibilidade de um procedimento no qual o participante deva descrever em palavras, e gravar,tudo o que está vendo e sentindo.

Workshops: Individualmente os participantes devem pensar possibilidades cênicas para a retomada do trabalho em grupo, tendo em vista a observação das pessoas durante a vivência. O participante prepara um workshop de até três minutos, que será apresentado no encontro seguinte.

Referências bibliográficas:

Capítulos “Destino Brasil” e “Água” do livro Pina Bausch de Fábio Cypriano (PP.89-160).
“Pratical Exercises”, do livro de Royd Climenhaga (pp. 95-128).
Dissertação e tese de Antonio Araújo Silva (ECA,USP). Dissertação de Miriam Rinaldi (ECA,USP).ver biblografia na tese de Araújo).

Proposta triangular de ensino-aprendizagem: Barbosa, Ana Mãe. A Imagem no Ensino da Arte.

Do ponto de vista pedagógico, a abordagem metodológica que estamos estudando faz parte da tradição brasileira do Jogo Teatral com modelos literários: literatura (Ryngaert, Pupo, textos teatrais (Koudela, Brecht, Heinner Muller). Salientamos a importância da pesquisa brasileira nesse campo.

Trazer bibliografia sobre Ingrid Koudela e Maria Lúcia Pupo.

Outras leituras recomendadas para ampliar o estudo sobre Pina Bausch:

“Corpus Pina Bausch” de Jean-Marc Adolphe (In DELAHAYE, Guy. Pina Bausch. Actes Sud, Arles, 2007 pp. 9-23)

Entrevista de P. Bausch (“On ne sait pas où l´imagination vous entraîne”. In DELAHAYE, Guy. Pina Bausch. Actes Sud, Arles, 2007 pp. 25-40).

Capitulos “An Artistic and Contextextual History”, e “Wat is Said” do livro Pina Bausch de Royd Climenhaga (pp. 1-68)

2 comentários:

  1. Intelecto não é um substituto para vitalidade. Atuar é acima de tudo, uma atividade física "Physical Theatre" ao invés de uma atividade intelectual.

    Atuar é um jogo "Le Jeu" - e todos devem concordar com as regras impostas. Se acaso alguém quebrá-las ou inventar novas regras sem contar aos outros, "Le Jeu" não mais existe.

    De fato, o "intelectual", é uma palavra suja no teatro".

    Bru Palmieri

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  2. Embora não no palco... a cena se armou na conversa deliciosa que tivemos nessa aula...
    INSPIRADOR, INSPIRADORA, INSPIRAÇÃO!!!

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