Pode ser chamada de teatro ambiental, teatro ambientalista ou, ainda, pela nomeação inglesa de environment theatre. Tem como princípio a ocupação total do espaço enquanto área física e tempo (horário), inclusive mesclando cena e espectadores.
Como colocado por Richard Schechner, essa forma de atuação envolve
Literalmente esferas de espacios, espacios dentro de espacios, espacios que contienen, o envuelven, o relacionan o tocan todas las áreas en que está el público y/o actúan los intérpretes. Todos los espacios están involucrados activamente en todos los aspectos de la representación. (SCHECHNER: 1987, p. 14).
Schechner ainda defende que o teatro ambiental é mais do que um teatro que usa o espaço sem limitações, é, também, uma questão de atitude tanto do ator como do espectador, é saber o porquê e o como lidar com esse espaço sem fronteiras. Para o espectador é deixar-se disponível para perder a passividade, já para o ator é saber lidar com esse espectador ativo, onde sua presença é capaz de influenciar e modificar a cena.
Outro fator que é importante ressaltar está no fato do termo teatro ambiental ter surgido a partir de práticas oriundas das artes plásticas, como no caso do environment ou environmental, que diz respeito a trabalhos onde a arquitetura física é incluída na obra (por isso a adoção do nome em inglês de environment theatre).
Isso demonstra o quão interdisciplinar é a cena ambiental, envolvendo áreas diversas como a arquitetura, o teatro e as artes visuais, o que nos coloca numa zona híbrida, que tem como necessidade primeira tornar tudo ao seu entorno parte da obra que se realiza, seja o espaço, seja os espectadores.
É a partir desse viés de entendimento teatral, que podemos entender como se dá parte dos espetáculos realizados pelo grupo catalão La Fura Dels Baus¹.
Grupo revolucionário e anárquico, criado em 1979, em Barcelona, capital da Catalunha, autônoma da Espanha, tal grupo quebrou os paradigmas do teatro tradicional, colocando público e elenco num mesmo espaço, numa espécie de recepção de risco. Além de que, em alguns espetáculos, conta ainda com a ciberpresença ao mesclar vídeos, câmeras, instrumentos junto a performances e encenações teatrais tradicionais.
Essa interdisciplinaridade encontrada no La Fura pode ser entendida como “antidisciplinas, pós-disciplinas ou indisciplinas. Interdisciplinas artísticas seriam intermídias que transgridem fronteiras formais de campos de conhecimentos distintos com seus diferentes conteúdos, métodos e procedimentos” (VILLAR: 2002, p. 48).
Essa característica do La Fura veio de sua influência pelo movimento do Teatro Independiente que marcou a história do teatro espanhol entre os anos de 1960 e 1980, fugindo da boca de cena e contra ao teatro naturalista e realista.
A história do La fura pode ser dividida em três períodos. O primeiro vai de 1979 a 1983, que é quando o grupo trabalha o teatro de rua e utiliza de improvisações e elementos circenses; o segundo vai de 1983 a 1990, que o grupo rompe extremamente e violentamente com as estéticas teatrais, explorando ainda mais meios pluridisciplinares e espaços não convencionais; e o terceiro período de 1990 até hoje, onde os fureros² se associam a outros artistas para criações as mais diversas, desde óperas a propagandas.
É no segundo período que a cena ambiental é mais pertinente no trabalho do La Fura e é deste período que estarei me referindo a diante.
La Fura Dels Baus procura, através de seus espetáculos, colocar o espectador em um espaço desarmônico, expondo a violência urbana, o cotidiano da sociedade moderna e industrial, tudo isso ao som de rock e punk rock. Não há um limite entre espetáculo/espectador, e o uso dos atos de violência permeia o trabalho do grupo, assim como a exposição sexual como meio de confrontar o público e tirá-lo de sua posição passiva e confortável. Trata-se, enfim, de trabalhos criados com a intenção de proporcionar um grande impacto visual, marcadas por formas urbanas. O que faz do La Fura ser mundialmente conhecido por explorar e quebrar com o convencionalismo, expondo elementos novos no campo da performance arte.
A violência na obra do La Fura foi o divisor de águas entre o primeiro e segundo período da história do grupo. Com a apresentação de Accions (1983-1987) a ruptura com a estética adotada até então foi ainda mais impactante. Segundo Edélcio Mostaço:
a cena de maior impacto [de Accions] gira em torno da destruição de um automóvel à força de marretas. Mas também com seus corpos seminus, os atores pintam gigantescas telas (...) em cenas de alto risco físico. Vestidos apenas com tapa-sexos, os atores dão em espetáculo seus corpos despidos, o que permite colocá-los quer no território da obscenidade quer da crítica a ela, dependendo do ponto de vista do espectador. O sexo está tapado, mas numa cena posterior os pênis aparecerão embutidos em latas de Coca-Cola, expandindo as conexões entre poder e suas obscenidades no âmbito da promíscua sociedade de consumo (...) super dimensionando gestos que, originalmente, poderiam ser tomados do cotidiano, mas aqui buscados no vocabulário da violência (MOSTAÇO, apud: GUINSBURG e BARBOSA: 2005).
Essa hibridez da cena furera faz com que percebamos uma discussão muito mais ampla, indo além do artístico. Está inserida nessa linguagem uma discussão sociológica, de referências culturais, a violência da cena denota a violência da própria sociedade em que vivemos, e uma das formas mais diretas de expor tal discussão está em tirar o público de seu ponto de vista confortável, colocando-o em jogos de riscos, e até mesmo como protagonista em alguns momentos do espetáculo, retirando sua passividade e tornando-o ativo na obra.
Como coloca Fernando Villar (2008),
(...) a linguagem furera promove uma aceleração física e sensorial de todos os envolvidos, em um encontro – ou choque – universal de sistemas práticos distintos, questionando definições de identidade e alteridade ou diferenciações definitivas de igual e outro, dependendo das ações cênicas de cada momento. A proposta ambientalista do La Fura pode ser vista como um índice metafórico dos processos criativos dentro dos quais identidades são forjadas, cambiadas e/ou reinventadas, ao invés de prontamente catalogadas, impostas, fixadas ou rotuladas com fronteiras intransponíveis, “me ator/you espectador” ou “minha terra/sua terra”. (p. 219).
Além do La Fura:
Assim como o La Fura Dels Baus, grupos latino-americanos, de reconhecimento internacional, como Fuerza Bruta e De La Guarda, muitas vezes também transformam o público em protagonista da cena, colocando-o numa posição ativa, num jogo não só de risco físico, mas contra as formas dramáticas tradicionais.
De La Guarda foi idealizado, em 1993, em Buenos Aires/Argentina, por Diqui James e Pichón Baldin, que se dividiram em meados de 2006, onde o último manteve-se no De La Guarda, enquanto o primeiro formou o Fuerza Bruta. Contudo, a essência dos dois grupos manteve-se a mesma. O desejo de envolver o público nas cenas, e a invés de uma composição musical que caracterizasse as cenas, houvesse músicas energéticas, capaz de impulsionar o público a se envolver e agir cada vez mais com o que está ao seu entorno.
Assim, o grupo atingiu uma linguagem abstrata, construindo uma linha tênue entre paixão e violência, tendo o teatro aéreo como recurso. A abertura de seus espetáculos funciona como se fosse a abertura de um show de rock, criando um universo que aos poucos leve o espectador a uma catarse, para que saiam do espetáculo se sentindo transformadas e/ou deformadas.
Assim como La Fura Dels Baus, o De La Guarda e o Fuerza Bruta trabalham em espaços não convencionais, onde não há lugar marcado para a platéia sentar (e muitas vezes nem há como sentar), onde a locomoção da platéia é intensa durante o espetáculo, onde cada canto pode ser explorado quando menos se espera.
Foi essa a idéia levada por Juan Martín e Patrícia Malatesta (então ator e técnica aérea do grupo De La Guarda), a meu grupo de teatro Cia Aérea de Teatro, criado em 2003 na cidade de Florianópolis/SC, no ano de 2005, e que deu origem ao espetáculo “Valsa Aérea – a Valsa nº 6 de Nelson Rodrigues”.
Nesse espetáculo procuramos envolver o público, colocando-o junto, no palco, com as atrizes, técnicos, cordas e uma estrutura metálica com cerca de dois metros de altura que se deslocava pelo espaço sem nenhum aviso prévio.
Três planos eram explorados durante o espetáculo, indo do chão ao aéreo, com apoio de técnica circense e de escalada esportiva, o que nos possibilitou saltos, cambalhotas, pulos, vôos, numa tentativa arriscada de levar o público ao lúdico sem esconder nossos truques. Tudo isso ao som da “Valsa nº6” de Chopin.
¹ “Fura” significa furão ou doninha em catalão. “Baus” era um esgoto num povoado próximo a Barcelona, chamado Moiá, onde nasceu parte dos fundadores do grupo.
² Furero(s) e/ou Furera(s): refere-se ao que está ligado a linguagem artística adotada pelo grupo La Fura Dels Baus.
Referências:
SCHECHNER, Richard. El teatro ambientalista. Árbol Editorial, México, DF, 1987.
MOSTAÇO, Edelcio. O Teatro Pós-Moderno. In: GUINSBURG, J.; BARBOSA, Ana Mae (orgs.). Pós-modernismo. São Paulo: Perspectiva, 2005.
VILLAR, Fernando Pinheiro. Interdisciplinaridade artística e La Fura Dels Baus: outras dimensões em performance. In: O Teatro Transcende – nº 11. Blumenau: FURB, 2002. P. 48 – 51.
______________. O pós-dramático em cena: La Fura Dels Baus. In: GUINSBURG, J.; FERNANDES, Silvia (orgs.). O Pós-dramático: um conceito operativo?. São Paulo: Perspectiva, 2008.
Outros links interessantes:
http://www.cibercultura.org.br/tikiwiki/home.php
http://www.infopedia.pt/$la-fura-dels-baus
http://en.wikipedia.org/wiki/La_Fura_dels_Baus
http://es.wikipedia.org/wiki/La_Fura_dels_Baus
http://www.lost.art.br/fura.htm
http://vimeo.com/1510959?pg=embed&sec=1510959
http://aqis.ceart.udesc.br/imagetica_grotesca/wp-content/uploads/2009/09/6-La-fura-dels-Baus.pdf
http://fitei.blogspot.com/2008/04/la-fura-dels-baus-com-boris-godunov-em.html
http://locali.data.kataweb.it/storage/kpm2gloc/images/2008/07/05/803539.pjpeg
http://www.elpais.com/fotografia/cultura/Aspecto/ensayos/obra/Fura/dels/Baus/Imperium/elpfotcul/20070419elpepucul_16/Ies/
http://farm4.static.flickr.com/3120/2704818608_c1e211ddec_o.jpg
http://locali.data.kataweb.it/storage/kpm2gloc/images/2008/07/05/803539.pjpeg
http://epiderme.blogspot.com/2003/10/xxx-de-sade-la-fura-dels-baus-xxx.html
http://www.theage.com.au/articles/2004/02/04/1075853915537.html
http://www.guardian.co.uk/stage/2003/apr/25/theatre.artsfeatures2
CASTRO, Sofia Canelas. La Fura Dels Baus: Teatro para Adultos. In: Correio da
Manhã. Disponível em
http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=20823&idCanal=9
CARRASCO, Valentina. XXX: De Sade a la Fura Dels Baus. In: Epiderme. Disponível
em: http://epiderme.blogspot.com/2003/10/xxx-de-sade-la-fura-dels-bausxxx.html
GARCEZ, Bruno. La Fura dels Baus exibe 'pornô made in Minas' em Londres. In: BBC – Brasil. Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/030424_furadelbausbg.shtml.2003
MENDIZÁBAL, Amaya. Imperium de La Fura dels Baus, una reflexión sobre la
violencia, protagonizada sólo por mujeres. In: Blog Todas.
Disponível em:
http://www.entretodas.net/%C2%ABimperium%C2%BB-de-la-fura-dels-bausuna-reflexion-sobre-la-violencia-protagonizada-solo-por-mujeres
Como colocado por Richard Schechner, essa forma de atuação envolve
Literalmente esferas de espacios, espacios dentro de espacios, espacios que contienen, o envuelven, o relacionan o tocan todas las áreas en que está el público y/o actúan los intérpretes. Todos los espacios están involucrados activamente en todos los aspectos de la representación. (SCHECHNER: 1987, p. 14).
Schechner ainda defende que o teatro ambiental é mais do que um teatro que usa o espaço sem limitações, é, também, uma questão de atitude tanto do ator como do espectador, é saber o porquê e o como lidar com esse espaço sem fronteiras. Para o espectador é deixar-se disponível para perder a passividade, já para o ator é saber lidar com esse espectador ativo, onde sua presença é capaz de influenciar e modificar a cena.
Outro fator que é importante ressaltar está no fato do termo teatro ambiental ter surgido a partir de práticas oriundas das artes plásticas, como no caso do environment ou environmental, que diz respeito a trabalhos onde a arquitetura física é incluída na obra (por isso a adoção do nome em inglês de environment theatre).
Isso demonstra o quão interdisciplinar é a cena ambiental, envolvendo áreas diversas como a arquitetura, o teatro e as artes visuais, o que nos coloca numa zona híbrida, que tem como necessidade primeira tornar tudo ao seu entorno parte da obra que se realiza, seja o espaço, seja os espectadores.
É a partir desse viés de entendimento teatral, que podemos entender como se dá parte dos espetáculos realizados pelo grupo catalão La Fura Dels Baus¹.
Grupo revolucionário e anárquico, criado em 1979, em Barcelona, capital da Catalunha, autônoma da Espanha, tal grupo quebrou os paradigmas do teatro tradicional, colocando público e elenco num mesmo espaço, numa espécie de recepção de risco. Além de que, em alguns espetáculos, conta ainda com a ciberpresença ao mesclar vídeos, câmeras, instrumentos junto a performances e encenações teatrais tradicionais.
Essa interdisciplinaridade encontrada no La Fura pode ser entendida como “antidisciplinas, pós-disciplinas ou indisciplinas. Interdisciplinas artísticas seriam intermídias que transgridem fronteiras formais de campos de conhecimentos distintos com seus diferentes conteúdos, métodos e procedimentos” (VILLAR: 2002, p. 48).
Essa característica do La Fura veio de sua influência pelo movimento do Teatro Independiente que marcou a história do teatro espanhol entre os anos de 1960 e 1980, fugindo da boca de cena e contra ao teatro naturalista e realista.
A história do La fura pode ser dividida em três períodos. O primeiro vai de 1979 a 1983, que é quando o grupo trabalha o teatro de rua e utiliza de improvisações e elementos circenses; o segundo vai de 1983 a 1990, que o grupo rompe extremamente e violentamente com as estéticas teatrais, explorando ainda mais meios pluridisciplinares e espaços não convencionais; e o terceiro período de 1990 até hoje, onde os fureros² se associam a outros artistas para criações as mais diversas, desde óperas a propagandas.
É no segundo período que a cena ambiental é mais pertinente no trabalho do La Fura e é deste período que estarei me referindo a diante.
La Fura Dels Baus procura, através de seus espetáculos, colocar o espectador em um espaço desarmônico, expondo a violência urbana, o cotidiano da sociedade moderna e industrial, tudo isso ao som de rock e punk rock. Não há um limite entre espetáculo/espectador, e o uso dos atos de violência permeia o trabalho do grupo, assim como a exposição sexual como meio de confrontar o público e tirá-lo de sua posição passiva e confortável. Trata-se, enfim, de trabalhos criados com a intenção de proporcionar um grande impacto visual, marcadas por formas urbanas. O que faz do La Fura ser mundialmente conhecido por explorar e quebrar com o convencionalismo, expondo elementos novos no campo da performance arte.
A violência na obra do La Fura foi o divisor de águas entre o primeiro e segundo período da história do grupo. Com a apresentação de Accions (1983-1987) a ruptura com a estética adotada até então foi ainda mais impactante. Segundo Edélcio Mostaço:
a cena de maior impacto [de Accions] gira em torno da destruição de um automóvel à força de marretas. Mas também com seus corpos seminus, os atores pintam gigantescas telas (...) em cenas de alto risco físico. Vestidos apenas com tapa-sexos, os atores dão em espetáculo seus corpos despidos, o que permite colocá-los quer no território da obscenidade quer da crítica a ela, dependendo do ponto de vista do espectador. O sexo está tapado, mas numa cena posterior os pênis aparecerão embutidos em latas de Coca-Cola, expandindo as conexões entre poder e suas obscenidades no âmbito da promíscua sociedade de consumo (...) super dimensionando gestos que, originalmente, poderiam ser tomados do cotidiano, mas aqui buscados no vocabulário da violência (MOSTAÇO, apud: GUINSBURG e BARBOSA: 2005).
Essa hibridez da cena furera faz com que percebamos uma discussão muito mais ampla, indo além do artístico. Está inserida nessa linguagem uma discussão sociológica, de referências culturais, a violência da cena denota a violência da própria sociedade em que vivemos, e uma das formas mais diretas de expor tal discussão está em tirar o público de seu ponto de vista confortável, colocando-o em jogos de riscos, e até mesmo como protagonista em alguns momentos do espetáculo, retirando sua passividade e tornando-o ativo na obra.
Como coloca Fernando Villar (2008),
(...) a linguagem furera promove uma aceleração física e sensorial de todos os envolvidos, em um encontro – ou choque – universal de sistemas práticos distintos, questionando definições de identidade e alteridade ou diferenciações definitivas de igual e outro, dependendo das ações cênicas de cada momento. A proposta ambientalista do La Fura pode ser vista como um índice metafórico dos processos criativos dentro dos quais identidades são forjadas, cambiadas e/ou reinventadas, ao invés de prontamente catalogadas, impostas, fixadas ou rotuladas com fronteiras intransponíveis, “me ator/you espectador” ou “minha terra/sua terra”. (p. 219).
Além do La Fura:
Assim como o La Fura Dels Baus, grupos latino-americanos, de reconhecimento internacional, como Fuerza Bruta e De La Guarda, muitas vezes também transformam o público em protagonista da cena, colocando-o numa posição ativa, num jogo não só de risco físico, mas contra as formas dramáticas tradicionais.
De La Guarda foi idealizado, em 1993, em Buenos Aires/Argentina, por Diqui James e Pichón Baldin, que se dividiram em meados de 2006, onde o último manteve-se no De La Guarda, enquanto o primeiro formou o Fuerza Bruta. Contudo, a essência dos dois grupos manteve-se a mesma. O desejo de envolver o público nas cenas, e a invés de uma composição musical que caracterizasse as cenas, houvesse músicas energéticas, capaz de impulsionar o público a se envolver e agir cada vez mais com o que está ao seu entorno.
Assim, o grupo atingiu uma linguagem abstrata, construindo uma linha tênue entre paixão e violência, tendo o teatro aéreo como recurso. A abertura de seus espetáculos funciona como se fosse a abertura de um show de rock, criando um universo que aos poucos leve o espectador a uma catarse, para que saiam do espetáculo se sentindo transformadas e/ou deformadas.
Assim como La Fura Dels Baus, o De La Guarda e o Fuerza Bruta trabalham em espaços não convencionais, onde não há lugar marcado para a platéia sentar (e muitas vezes nem há como sentar), onde a locomoção da platéia é intensa durante o espetáculo, onde cada canto pode ser explorado quando menos se espera.
Foi essa a idéia levada por Juan Martín e Patrícia Malatesta (então ator e técnica aérea do grupo De La Guarda), a meu grupo de teatro Cia Aérea de Teatro, criado em 2003 na cidade de Florianópolis/SC, no ano de 2005, e que deu origem ao espetáculo “Valsa Aérea – a Valsa nº 6 de Nelson Rodrigues”.
Nesse espetáculo procuramos envolver o público, colocando-o junto, no palco, com as atrizes, técnicos, cordas e uma estrutura metálica com cerca de dois metros de altura que se deslocava pelo espaço sem nenhum aviso prévio.
Três planos eram explorados durante o espetáculo, indo do chão ao aéreo, com apoio de técnica circense e de escalada esportiva, o que nos possibilitou saltos, cambalhotas, pulos, vôos, numa tentativa arriscada de levar o público ao lúdico sem esconder nossos truques. Tudo isso ao som da “Valsa nº6” de Chopin.
¹ “Fura” significa furão ou doninha em catalão. “Baus” era um esgoto num povoado próximo a Barcelona, chamado Moiá, onde nasceu parte dos fundadores do grupo.
² Furero(s) e/ou Furera(s): refere-se ao que está ligado a linguagem artística adotada pelo grupo La Fura Dels Baus.
Referências:
SCHECHNER, Richard. El teatro ambientalista. Árbol Editorial, México, DF, 1987.
MOSTAÇO, Edelcio. O Teatro Pós-Moderno. In: GUINSBURG, J.; BARBOSA, Ana Mae (orgs.). Pós-modernismo. São Paulo: Perspectiva, 2005.
VILLAR, Fernando Pinheiro. Interdisciplinaridade artística e La Fura Dels Baus: outras dimensões em performance. In: O Teatro Transcende – nº 11. Blumenau: FURB, 2002. P. 48 – 51.
______________. O pós-dramático em cena: La Fura Dels Baus. In: GUINSBURG, J.; FERNANDES, Silvia (orgs.). O Pós-dramático: um conceito operativo?. São Paulo: Perspectiva, 2008.
Outros links interessantes:
http://www.cibercultura.org.br/tikiwiki/home.php
http://www.infopedia.pt/$la-fura-dels-baus
http://en.wikipedia.org/wiki/La_Fura_dels_Baus
http://es.wikipedia.org/wiki/La_Fura_dels_Baus
http://www.lost.art.br/fura.htm
http://vimeo.com/1510959?pg=embed&sec=1510959
http://aqis.ceart.udesc.br/imagetica_grotesca/wp-content/uploads/2009/09/6-La-fura-dels-Baus.pdf
http://fitei.blogspot.com/2008/04/la-fura-dels-baus-com-boris-godunov-em.html
http://locali.data.kataweb.it/storage/kpm2gloc/images/2008/07/05/803539.pjpeg
http://www.elpais.com/fotografia/cultura/Aspecto/ensayos/obra/Fura/dels/Baus/Imperium/elpfotcul/20070419elpepucul_16/Ies/
http://farm4.static.flickr.com/3120/2704818608_c1e211ddec_o.jpg
http://locali.data.kataweb.it/storage/kpm2gloc/images/2008/07/05/803539.pjpeg
http://epiderme.blogspot.com/2003/10/xxx-de-sade-la-fura-dels-baus-xxx.html
http://www.theage.com.au/articles/2004/02/04/1075853915537.html
http://www.guardian.co.uk/stage/2003/apr/25/theatre.artsfeatures2
CASTRO, Sofia Canelas. La Fura Dels Baus: Teatro para Adultos. In: Correio da
Manhã. Disponível em
http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=20823&idCanal=9
CARRASCO, Valentina. XXX: De Sade a la Fura Dels Baus. In: Epiderme. Disponível
em: http://epiderme.blogspot.com/2003/10/xxx-de-sade-la-fura-dels-bausxxx.html
GARCEZ, Bruno. La Fura dels Baus exibe 'pornô made in Minas' em Londres. In: BBC – Brasil. Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/030424_furadelbausbg.shtml.2003
MENDIZÁBAL, Amaya. Imperium de La Fura dels Baus, una reflexión sobre la
violencia, protagonizada sólo por mujeres. In: Blog Todas.
Disponível em:
http://www.entretodas.net/%C2%ABimperium%C2%BB-de-la-fura-dels-bausuna-reflexion-sobre-la-violencia-protagonizada-solo-por-mujeres
Nenhum comentário:
Postar um comentário