Objetivo

O blog visa compartilhar registros das aulas (anotações, fotos, vídeos) comentários críticos sobre os procedimentos vivenciados, acrescentar textos teóricos, poéticos, sugestão de links, músicas. São 15 tópicos, referente as cada uma das aulas ministradas entre março e junho de 2010. Em agosto de 2010 serão publicados artigos hipertextuais produzidos por cada um dos alunos que focam princípios e procedimentos de encenação.



ROTEIRO CÊNICO na Dramaturgia do Ator por Brenda de Oliveira

Contextualização Teórica:

Contextualização Teórica:

O termo dramaturgia do ator foi incialmente empregado por Eugenio Barba ao dizer que quando se fala de dramaturgia deve-se pensar na montagem em uma forma mais ampla: “Dramaturgia do ator que dizer capacidade de construir o equivalente da complexidade que caracteriza a ação na vida

No teatro do ator, a dramaturgia é uma ligação entre o texto original dramático e a instalação em cena, embora, sobre estra aproximação, eu gostaria de pontuar que o texto dramático do procedimento de enecenação não se refere, ou mesmo, trata exclusivamente das questões do texto escrito.

Há nesse sentido um cruzamento com os estudos da dramaturgia em seu aspecto performativo como tratado por Josette Feral e pós dramático — nos estudos de Hans-Thies Lehmann, os quais compreendem a dramaturgia como o espaço da teatralidade textual no qual todos os elementos da dramaturgia compoem camadas de significado que dialogam não mais apenas em um nível representativo, mas que apontam também, em sua leitura, à instância performativa do texto.

O próprio fato de que se tenha multiplicado as acepções do termo dramaturgia, surgindo inclusive expressões como esta, indica que os deslocamentos de sentidos que experienta o teatro implicam a transformação, não só de suas formas de criação, mas também da própria noção desta linguagem. A posição do drama entre a perfomatividade e a representação é central nesta discussão pois com a dramaturgia do ator, a performatividade é manifestada através de uma perspectiva de um indivíduo consciente das premissas que norteiam seus processos de criação e aprendizado, o que nos direcionaria para conceitos tais quais o de ator-compositor.

Numa dramaturgia que assume a igualdade de importância das diversas camadas de significados, não há espaço para um textocentrismo ou para um teatro dialogado. É nesse sentido que a performatividade se manifesta; uma qualidade de expressão que chama atenção para a própria composição cênica.

A teatralidade como materialização da performatividade ficaria textualmente mais evidente quando o ator escolhe para a descrever sua ação em cena um formato diferente do texto dramático tradicional, como é o caso, por exemplo, do uso de roteiro cênico. Ao falar em roteiro cênico, também referenciado como storyboard, estou dizendo de uma representação gráfica que descreve a sequência da escritura cênica do ator. Por usar, em geral, ilustrações consegue tornar visual vários procedimentos de encenação,várias camadas da cena.

Encenações em Jogo: o contemporâneo na criação e na aprendizagem

Durante o primeiro semestre letivo do programa de pós graduação em Artes Cênica (ECA-USP) do ano de 2010, foi ministrada a disciplina Encenações em Jogo: Experimentos de Criação e Aprendizagem do Teatro Contemporâneo, cujo foco principal era, de acordo com o fomento da disciplina, "realizar estudo teórico-prático sobre uma proposta metodológica de ensino da encenação que visa a ampliação do repertório estético e metodológico na formação de artistas, pesquisadores e professores, no sentido de instrumentalizar a leitura, a criação e a aprendizagem da cena contemporânea".

Tendo como meta o entrecruzamento da reflexão dos artistas, teóricos e pedagogos do Teatro e da Performance, o curso ofereceu experimentos de criação partindo da análise de registro de encenações bem como da leitura leitura complementar sobre a encenação contemporânea tanto performativa, de Josette Féral, quanto pós-dramática, de Hans-Thies Lehmann, através das poéticas de artistas como Robert Wilson, Pina Baush, La Furia del Baus e Zé Celso.

Destes experimentos de criação, exercitamos sobretudo procedimentos de encenação tais como repetição, justaposição, simultaneidade, mímese, estranhamento, gestos e roteiro cênicos. Esse último, alías, tornou-se uma prática recorrente em nossos experimentos, inclusive por ser um espaço, um meio de exercitar os outros procedimentos mencionados.

Durante o semestre, foi solicitado pelo professor a realização de quatro roteiros cênicos. Para o primeiro a instrução era uma prática com nossas próprias referências, com os procedimentos aos quais estávamos familiarizados. Após essa produção, tivemos uma aula sobre os procedimentos de criação encontrados na poética do encenador americano Bob Wilson, para o qual elaboramos outro roteiro de ações no qual um dos procedimentos estivesse presente, tendo agora todos os elementos nomeados. Nos foi pedido para refletir para as possíveis diferenças não só do ressultados quanto do processo de criação.

Produzimos ainda roteiros pensando em estranhamento e tendo o estímulo literário, Fausto.

Procedimentos cênicos em Intersemiose.

Os experimentos desenvolvidos durante a disciplina foram de grande importância na minha prática de estudo e criação. Como projeto no mestrado, pesquiso a Dramaturgia do Ator, com o intuito de elabora-la através da teoria da Tradução Intersemiótica e descreve-la enquanto roteiro de ações usando o storyboard, ou roteiro cênico.

Este projeto é relativo ao programa de Artes Cênicas, concentrando-se na área da Pedagogia do Teatro e tendo como linha de pesquias a Formação do Artista Teatral, na qual propõe-se a elaboração de um procedimento metodológico de encenação, ― indentificado aqui por dramaturgia do ator ― que seja capaz de estabelecer, ao mesmo tempo para quem executa e quem recebe duas resultantes: (a) um processo criativo múltiplo, (b) a composição cênica de um universo estético específico.

Com a expressão processo criativo múltiplo faz-se referência a um processo no qual a construção dos signos teatrais não tenha se dado com base apenas no próprio sistema da linguagem teatral. Explica-se: de fato, como pontuado por vários teóricos, o sistema de signos da linguagem do Teatro já é por si só múliplo, o que se quer é potencializar todos esses tipos e qualidades de signos a partir de outras linguagens, por isso escolhi sete linguagens artísticas a serem traduzidas intersemioticamente para o Teatro.

Sobre o segunda objetivo, trato das questões do universiso estético a ser representado e performado em cena. Metodologicamente procedi da seguinte forma: das várias linguagens que pretendo trazudir, extraio estímulos diversos que ajudam na construção da cena, desse processo de tradução intersemiótica, obtenho uma dramaturgia.

No primeiro semestre letivo fiz alguns exercícios usando esse método. Comecei por uma música. Ao estudar a poética de Bob Wilson por exemplo, e seu trabalho com o músico Philip Glass despertei para a instância hipnótica do minimalismo sonoro. A música chama-se Wrapped Up in Books, da banda escocesa Belle and Sebastian, da qual o vídeo e todo o material gráfico serviram de estímulo para a elaboração dramatúrgica. Deste vídeos e de trechos da canção extrair os signos necessários para compor uma ação.






Trechos da canção:

"The city, but I’ve been unfaithful. I’ve been traveling abroad"

"Our aspirations are wrapped up in books. Our inclinations are hidden in looks"

"I wish I had two paths I could follow. I’d write the ending without any sorrow"


Esses signos depertaram a minha leitura para a fabulação de uma viagem como unidade de ação, alguém que resolve viajar sem destino certo. Uma moça trabalha em uma biblioteca, rodeada pelos livros e por imagens de um mundo distante. Uma noite, após um dia cheio de trabalho, adormece sobre os livros, e em seu sono imagina que deve partir. Para cada quadro cênico, decidir trabalhar algum procedimento de enecenação estudado, como por exmplo justaposição com recurso de projeção ou o gestos no quadro em que a linguagem em questão é dança

Esses signos depertaram a minha leitura para a fabulação de uma viagem como unidade de ação, alguém que resolve viajar sem destino certo. Uma moça trabalha em uma biblioteca, rodeada pelos livros e por imagens de um mundo distante. Uma noite, após um dia cheio de trabalho, adormece sobre os livros, e em seu sono imagina que deve partir, como detalhado no quadro abaixo:

Muitos teóricos dizem que parte da explosão da forma foi algo motivido pela falta de conteúdo ou de situação que levam a esse conteúdo, inclusive por o teatro enquanto linguagem ter se encontrato em conflito em detrimento de uma supervalorização do signo iconico sobre o síbólico pondo o texto teatral em crise.

O que a a contemporaneidade nos traz é uma reflexão sobre o próximo passo, no qual seja preciso separar da linguagem usada suas qualidades rítmicas e semanticas da situação cenica, para focalizar a experiência dos espectadores com um uso estético da palavra que vai além da função comunicativa e abre novas perspectivas para os espectadores de pereceber sua situação humana no mundo e momento atual.

BARBA, Eugene e SARARESE, N. A arte secreta do ator. Campinas, SP: UNICAMP, 1995

BAUMGÄRTEL, Stephan. A co-presença do semiótico e do performativo (lâmina, 2010)

__________ A fala teatral, idem

__________ As didascálias – descrição cênica e expressão poética, idem

BONFITTO, Matteo. O ator compositor. São paulo: Perspectiva, 2002

LEHMANN, Hans-Thies. Teatro Pós-dramático. Trad. Pedro Süssekind, São Paulo: Cosac&Naífy, 2007

PLAZA, Julio. Tradução Intersemiótica. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2003.



Um comentário:

  1. Professor e colegas de turma, minha postagem foi escrita em preto e ainda não consegui editar a configuração. Peço a gentileza que para ler, selecionem o texto enquanto não altero a cor da fonte.

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