Objetivo

O blog visa compartilhar registros das aulas (anotações, fotos, vídeos) comentários críticos sobre os procedimentos vivenciados, acrescentar textos teóricos, poéticos, sugestão de links, músicas. São 15 tópicos, referente as cada uma das aulas ministradas entre março e junho de 2010. Em agosto de 2010 serão publicados artigos hipertextuais produzidos por cada um dos alunos que focam princípios e procedimentos de encenação.



Relato de processo, anotações, reflexões por Rejane Arruda


PINA.

Repetição. Até a exaustão. Significação – esvaziamento. Descrição do choro – e depois a ação. Outro fazendo aquela descrição. Ex. Carinho que se torna agressivo, invasivo. Distanciamento/estranhamento. Do gesto cotidiano. ¨Filha bastarda de Brecht¨. Angústia. Idéia de citação. ANDAR DELAS, MEXENDO O QUADRIL E OS BRAÇOS (DÁ PRA IMITAR). Possibilidades de perguntas. ¨Relação Mayêutica¨. Diálogo com os bailarinos: ¨Como você chora¨, ¨dance seu medo¨. Pede para que o bailarino dance a resposta de uma pergunta: procedimento de Pina Bauch. A idéia de depoimento pessoal. ¨Qual era o seu maior medo quando era criança, dance isso; ¨conte isso¨. Uma forma dançada outra narrada. Uma poética da alteridade. O resultado de um coletivo. Sai da sala de ensaio e vai ver o mundo. Nomear de ¨vivência no espaço urbano¨, da urbe, da cidade, vivendo o dia-a-dia comum. Situação em minha mente – passeando pela cidade com aquele andar. Como mexo os braços? O contorno é dado pelo cotovelo? Revesando com as mãos? Revesando com os ombros Observar as pessoas, o outro – observar um bêbado.... observar os bêbados nos bares. A vivência da Pina Bauch não tem um foco fechado. Passar pela experiência. Se é mecânico, distanciado), se é mortificado... o que acontece? Tem o gozo... Se o sentimento ou a emoção diz respeito não `a cadeia trabalhada, mas a uma intromissão, uma irupção – da outra cadeia... Não abre mão de recortar, compor. Bailarino: de intérprete para propositor. É um processo colaborativo mas não é uma criação coletiva (Asdrubal o trombone). Modalidades de processo de criação... Vou criar uma cena a partir de uma ida minha num cabaré na São João a uma da manhã. Idéia da vivência como procedimento.

PRÁTICA.

1.) Compartilhar a citação da Pina – espelho/roda.

GOSTEI: João. Menina de saia preta. Menina de preto.

2.) Divisão em dois grupos - Desenvolvendo a citação da Pina.

Explorem possibilidades (variações) – com um objeto novo, com uma música nova.

ARTICULAR CENA SÓ COM ANTEPAROS DA PINA BAUSCH.

ARTICULAR PARA O CURSO – ANTEPAROS PINA – EDIÇÃO

Ir interferindo. Propor objetos. Frases no ouvido.

OBS. PRÓPRIA. AÇÃO x ESTADO.

A dança representa o estado d˙ alma. O que é isso?

A citação é um ponto em torno do qual tudo gira – nos afastamos e voltamos, ela sempre está lá (o anteparo).

Delícia. Já comecei aloprando. Qual foi a primeira música que já me trouxe aquele passinho pequenininho e ritmado? E depois subi. E o salto, e os passinhos pequenininhos... e as variações com o cubo.... E cair e levantar, cair e levantar... e o salto desiquilibrando, e de costas (como na cena do outro dia) e me jogo na parede. E ir até o fim para que se transforme em outra coisa... E me enlacei em alguém, rolei, rolei, e disfarcei quando sento. E fico parada e penso: quanto tempo vou conseguir ficar parada aqui, e coço o pé. Antes, no momento de começar: ¨olhe para os seus pensamentos¨. Nas duas vezes... E aí rola a relação com o outro. O que faço tem um homem aqui. Por que olhei para os lados. E fiz o imprevisto. Fui para o lado dele. E olhei, disfarcei, com esnobismo, depois fui para frente. E parei, olhei para trás, olhei, olhei, e fui muito decidida para o cubo. E subi e comecei os passinhos suicidas. E levantei a saia lá em cima do cubo... joguei com isso várias vezes. Mostrei para a francesa, também, quando a vi em movimentos prazeirosos na cadeira...

Lugar, o onde: um evento social. Roupa de festa-Pina. O Baile.

Ver muito, nos embebedar de Pina.

Pergunta: Qual a mais antiga memória de descoberta sexual na infância?

A relação com um homem, ¨assolapado¨ pelas mulheres...

A gravata, o gestus do João.

O QUE ELE PEDIU:

Tema, ambientação e relação.

¨Se fundir¨...

O par dentro-fora implica uma divisão de foco.

Citação. Farol no mar. Ponto de partida e de chegada. Experimenta voos, variações.

Brecht. Modelo de ação. Voltar, voltar.

Pavis – gestus – em Brecht, em Pina Bausch.

Citação de movimento – aberto.

Citação de um gestus – o reconhecimento de uma relação social em Brecht, no caso de Pina humana.

Você articula outra significante (ficcional). Você não articula outro significante.

¨Isso aqui¨ (braço, veias abertas) eu ando para a parede, bate na parede...

Brecht – exercício de dar vários significados para um objeto.

Você relaciona com o social. Você relaciona com o humano.

O discurso é mais aberto. O contexto é mais aberto.

Ligado ao ¨humano¨.

Papel e personagem. O padre.

Diferença: citação de movimento, citação de gestus.

PARA O PRÓXIMO ENCONTRO

Citação que sirva ao que está fazendo.

Olhar a obra em função do que está fazendo.

VOLTARAM DA PINA

A queda, o abraço, a parede, os passinhos, o se jogar na parede...

VOLTARAM DO MEU REPERTÓRIO

O rolamento, o arrastar o objeto, o abraço.

O resto da Ciane Fernandes (1,2, 3, 4, 5).

NO PRÓXIMO ENCONTRO

Movimento novo usado... do surdo-mudo.

Explorei aquecimento de dança – show, embalada com a música, vários movimentos, estetizando, abstraindo no prazer, e explorando gestus...

De repente começamos a usar os gestus de antes e de agora, e exploro o caminhar, o peso do corpo nos pés, a força das pernas. Me lembrou um possível caminhar para a avó...

E depois agachadinha. E aí surgem os movimentos surdo-mudo. Brinquei muito com eles... E tirei o sapato e brinquei também.

Teve um momento em que a distância entre pensar e agir se instaurou (preciso ver isso). Olhei para o pensamento e outra cadeia se instalou, e esta distância foi diminuida novamente. Esta é uma questão. Um procedimento.

Gosto muito das músicas que estão sendo usadas.

Sinto falta de nomeação das ações antes de retomarmos.

Precisa ver se Pina usava – de qualquer maneira sinto falta.

Lânguida – risada – dança – lânguida – risada – dança. Foi legal. Cada vez que repetia, acrescentava uma coisa, exagerava, aumentava – dilatava, vincava... até o lamber, o se contorcer. E a coisa de levantar-se e ¨executar a ação¨... é muito bom, porque me sinto, mesmo, mandada, executando sem vontade, automático, mecânico, mas cada vez mais intenso. E com certo desgosto, com certa angústia e estupefação. Gostei também de um certo andar cabisbaixo, arrastando os pés...

A proposta metodológica é de aprendizagem e criação no teatro! Um estudo teórico prático (MARTINS: 2010).

QUESTÕES DE PESQUISA

Nota: Não é apenas um elemento em jogo, mas implica citação. Usei no CEPECA a descrição feita pela Ciane Fernandes (professora na Universidade da Bahia) de um fragmento de cena da Pina Bauch. Não mimetizei a imagem, mas memorizei a descrição dos movimentos - com a repetição escrita daquela descrição. A poética da Pina na poética da Ciane na poética da Rejane?

Nota: O objetivo é experimentar variações em jogo. Proponho o arranjo, o jogo com outros elementos: a fala externa da literatura; a fala interna das minhas reações; a melodia; uma questão-outra, feita a si mesmo; a fala do Ipojucan; a fala do Bulhões; de mais alguém, coro de falas em escuta. Modifico o material de maneira que guarde, ainda, um resto da sua estrutura - guarde a referência do seu contexto original.

NOTA: Ponto a ressaltar: a importância das referências e o diálogo com a cultura e produção cênica.

NOTA: Cheguei `a conclusão que a descrição deve ser como a da Ciane: o corpo despedaçado. Se eu falo um verbo-de-ação (ele ¨provoca¨ ela) ou se eu descrevo o movimento (¨a mão pega o pulso e belisca¨) é muito diferente. Dramaticidade no corpo. Eu deparo com a tensão entre representacional e performativo? Ou posso mudar para ¨linguagem¨ e o que é pura inscrição do corpo, pura presença. É possível levantar a hipótese de espécie de corpo-dejeto, resultante da operação e cifrado, barrado `a leitura? O procedimento implica que antes da gente ir `a cena crie uma dramaturgia destes materiais, espécie de pré-programação; e depois brinque?

NOTA: A presença do instrutor instala estímulos, impulsos.

NOTA: Na pré-programação, a troca dos elementos implica a instalação constante de novos impulsos.

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